Quem já cometeu o erro de fazer da sua experiência de vida, a vida dos outros? Acredito que todos nós, uns mais, outros menos, já presumimos que o que é bom para nós, é bom para toda a gente, mas são os nossos amigos que levam com os nossos “disparates”. E quando se juntam duas pessoas em que uma não tem o dom da audição, e a outra carece do dom da aceitação, tá o caldo entornado. Dá chatice. | Para quem não sabe, isto é um cocharro. É de cortiça e provem de um nó do tronco de sobreiro. Serve para para beber água. Era muito encontrado na fontes. |
Os supostos senhores doutores que pensam que sabem tudo só querem que os amigos sigam os seus conselhos visto que resulta. Mas para esses mesmos supostos senhores doutores! Os queixosos queixam-se e, supostamente, procuram soluções, e só eles é que sabem como são e o que sentem. É verdade! Mas um passarinho disse-me que custa julgar-se certo nas suas convicções e não ter uma reacção afirmativa da outra parte. E será que é necessário sentir essa reacção? Em determinadas alturas, aquelas mais críticas, diria que sim. “Eu é que sei!” Mas noutras, aquelas, como esta, a frio, analisando o outro ponto de vista, diria que não. Diria mesmo que “cada pessoa sabe de si, e Deus sabe de todos!” – mas não digo que sou ateu. Se por um lado o passarinho se interroga porque raio o amigo não aceita os seus conselhos, já que nem são esquisitos, nada de prejudicial à saúde, nem estranho - se não resulta pelo menos seguiu bons conselhos – por outro, porque raio há-de insistir com outro adulto, que só por si já se sente horrivelmente mal, numa mudança que essa pessoa não está disposta a fazer, até porque não acredita que é a solução para si? Normalmente acontece isto entre amigos, em que um precisa de algum tipo de ajuda, e o outro disponibiliza-se a ajudar: - Aiiiii!!!!! Tou mesmo mal. Doi-me tanto a mão. - Não te sentes em cima dela, ora!! - Não digas disparates. Isso comigo não resulta. Quando me doi a mão, doi mesmo e não há nada a fazer. - É pá!! Então… Toma qualquer coisa para as dores, enquanto pensas numa solução mais viável. - Não sejas ignorante. Não há solução para isto. - Então merda!!! Corta a mão!!!! - Lá tás tu com as tuas coisas!!!! Aqui a dor na mão não desapareceu, e os amigos chateiam-se, sendo que o suposto senhor doutor não ajudou em nada, pelo contrário. Por outro lado, uma conversa saudável entre amigos, em que um precisa de algum tipo de ajuda, e o outro disponibiliza-se a ajudar, seria: - Tou mesmo mal. Aiiiii!!!!!!! Doi-me tanto a mão. - Pois. Então vai a um médico, ou faz o que costumas fazer, nessas ocasiões. - Yá. E aqui ficamos felizes porque não houve chatices, embora a dor na mão permaneça. |