sábado, 16 de junho de 2007

O Verão cheira a Papoila

O Verão no Algarve é tudo menos relaxante. Já dizia um certo ministro que a margem sul era um deserto. Ora, bem aplicada a frase, sendo a margem relativa ao rio Tejo, qualquer terra abaixo do rio Tejo é deserto, seja o Alentejo, seja o Algarve. O certo é que ele e a mãezinha, vêm visitar os indígenas, os camelos, que no meio da sua paz (pás, pás, pás) encontram o tempo, a paciência para aturar o ministro, a sua mãezinha, os seus pirralhos…
Na estrada, nos Centros Comerciais, nos cinemas, é tudo feito em marcha lenta. Mas nós, os simples habitantes do deserto, habituados ao calor que estamos, é que devíamos andar em “slow motion” para poupar energias. Pronto! ‘Tá bem! Temos enormes reservas de água nas bossas, mas isso não invalida o facto de, por vezes, andarmos meses sem encontrar um oásis.
Os civilizados, ironicamente, deixam as suas cidades, vilas, aldeias, desertas e, durante pelo menos um mês, lotam o verdadeiro deserto. Não há para mais! Os hotéis esgotados, as praias, essas, lotadas, os “Shoppings”, nem se pode andar lá dentro.
Apesar de tudo nós, camelos, tuaregues, indígenas, fazemos de tudo para agradar Suas Excelências, desde desaparecer com toda a areia deixando só uma ínfima parte junto ao mar, circular nas Suas filas, esperar por Suas Excelências nas caixas do supermercados, ouvir as birras das Suas crianças que arrancam cabelos se não fizerem festas num indígena que, coitado, só quer ir para casa jantar.
Mas verdade seja dita, as filas de trânsito são algo de verdadeiramente extraordinário, são a melhor invenção que o civilizado podia ter tido. Senão vejamos; depois de andar todo o ano à velocidade cruzeiro de 10 à hora, nós indígenas, humildes habitantes do deserto sem fim, precisamos de algum relaxe, de algum descanso. Sim, porque o stress de não sentir stress é deveras stressante! E quando temos a ilustre visita do “Homos Civilizadus” não há tempo para stresses, no meio da vontade de cometer suicídio, ou simplesmente abalroar os topos de gama de quem anda a apertar o cinto e a encher os bolsos, torna-se complicado, quase impossível mesmo, sentir stress.
Mas nem tudo é mau…
...Sim... ...é tudo mau.

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