terça-feira, 20 de novembro de 2007

Em um belo dia de sol...

Em um belo dia de sol, a passear ia Gustavo, de mão dada com um ananás. P'la estrada fora, sem preocupações na vida iam eles, até que de repente, avistaram um, um, um... ...um morango. Um morango que se juntou à sua caminhada em busca da Felicidade.
Faz a curva, pula a pedra, salta, salta, salta... A andar, a correr, a pular, lá foram eles a passear. Passados praí uns... (ora deixa lá ver...) dois minutos, pararam para descansar. Tinham de ter em conta que o morango era pequeno.. E num banco de jardim se sentaram!
Muito descansados estavam eles, eis que não quando, ao de longe, uma nuvem se avistava!! Correram às voltas, doidos pareciam eles. Para a esquerda, para a direita, para um lado, para o outro, esbarravam aqui, esbarravam ali, a loucura estava instalada!! Enfim... ninguém sequer se levantou. Era um autocarro! O que vinha dentro do autocarro é que era preocupante, mal sabiam eles! Era o motorista!!...
...e não só. Vinham, no banco de trás, (aquele, o mais roto, o mais sujo, o mais vandalizado), dois pimentos e, para mal dos seus pecados, uma malagueta! Tal não foi o espanto quando, sem avisar, assim tipos, do nada, eles saem naquela paragem. O ananás perdeu o ácido, o morango as sementes, e o Gustavo, o Gustavo ficou impávido e sereno que nem herói de Banda Desenhada (na realidade congelou de pavor). Nisto um dos pimentos, o mais verde, vai até perto do morango, levanta-o no ar, joga-o ao ananás e, como se fosse para cair nas graças dos companheiros diz:
- Toma lá moranguinho!!!
Ao assistir a tal acto, num momento de raiva incontrolada, o outro pimento, o mais vermelho, maduro, joga-se ao companheiro, arranca-lhe o caule, dá-lhe uma dentada e cospe em sinal de desrespeito (sabia era mal que se fartava), atira-o ao chão, pula em cima dele como se fosse um trampolim, deixando-o não verde, não amarelo, mas roxo, roxo como pimento.

Não!!!! É tudo mentira!!! O que aconteceu na realidade foi..........

Estava a chover!! Alberto, observava da sua janela as pessoas que lá fora fugiam; os cães fugiam, os gatos fugiam, os pássaros fugiam, os rinocerontes, esses nem vê-los, enfim... tudo era agitação. Tudo por causa da chuva. Porquê? Porque não era uma chuva qualquer. As nuvens apresentavam uma cor esverdeada, as gotas, ao tocar em qualquer tipo de superfície, picavam como se de ferrões se tratasse. Ao horizonte avistavam-se mais nuvens, mas estas eram diferentes. Carregadas, escuras, pesadas, imponentes, feias... Libertavam uma espécie de vapor que, combinado com a chuva ainda parecia mais denso, mais condensado...
Alberto não se mostrou muito preocupado. Estava sob a protecção do seu lar...

Na realidade, isto também é mentira!!!

sábado, 16 de junho de 2007

O Verão cheira a Papoila

O Verão no Algarve é tudo menos relaxante. Já dizia um certo ministro que a margem sul era um deserto. Ora, bem aplicada a frase, sendo a margem relativa ao rio Tejo, qualquer terra abaixo do rio Tejo é deserto, seja o Alentejo, seja o Algarve. O certo é que ele e a mãezinha, vêm visitar os indígenas, os camelos, que no meio da sua paz (pás, pás, pás) encontram o tempo, a paciência para aturar o ministro, a sua mãezinha, os seus pirralhos…
Na estrada, nos Centros Comerciais, nos cinemas, é tudo feito em marcha lenta. Mas nós, os simples habitantes do deserto, habituados ao calor que estamos, é que devíamos andar em “slow motion” para poupar energias. Pronto! ‘Tá bem! Temos enormes reservas de água nas bossas, mas isso não invalida o facto de, por vezes, andarmos meses sem encontrar um oásis.
Os civilizados, ironicamente, deixam as suas cidades, vilas, aldeias, desertas e, durante pelo menos um mês, lotam o verdadeiro deserto. Não há para mais! Os hotéis esgotados, as praias, essas, lotadas, os “Shoppings”, nem se pode andar lá dentro.
Apesar de tudo nós, camelos, tuaregues, indígenas, fazemos de tudo para agradar Suas Excelências, desde desaparecer com toda a areia deixando só uma ínfima parte junto ao mar, circular nas Suas filas, esperar por Suas Excelências nas caixas do supermercados, ouvir as birras das Suas crianças que arrancam cabelos se não fizerem festas num indígena que, coitado, só quer ir para casa jantar.
Mas verdade seja dita, as filas de trânsito são algo de verdadeiramente extraordinário, são a melhor invenção que o civilizado podia ter tido. Senão vejamos; depois de andar todo o ano à velocidade cruzeiro de 10 à hora, nós indígenas, humildes habitantes do deserto sem fim, precisamos de algum relaxe, de algum descanso. Sim, porque o stress de não sentir stress é deveras stressante! E quando temos a ilustre visita do “Homos Civilizadus” não há tempo para stresses, no meio da vontade de cometer suicídio, ou simplesmente abalroar os topos de gama de quem anda a apertar o cinto e a encher os bolsos, torna-se complicado, quase impossível mesmo, sentir stress.
Mas nem tudo é mau…
...Sim... ...é tudo mau.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

O trabalho como uma força devastadora da Natureza

O trabalho é um dos poucos dados adquiridos da nossa vida.
Qualquer pessoa diria: "De trabalho, percebo eu!!" - como se do único trabalhador se tratasse, mas isso é normal. É à português!!! O português sofre sempre mais que o outro. É o nosso "Fado"!!!!!
Trabalhamos mais que os outros, sofremos mais que os outros, acontece-nos tudo de mal e do pior (o que não acontece aos outros, porque se acontece aos outros, a nós é bem pior).
Se se trabalha, então trabalha-se, se nao se trabalha, é porque não, e então é porque está mal. Está sempre tudo mal!!
Tá mal isto, tá mal aquilo, tá mal tudo, tá mal nada, tá mal, tá mal, tá mal, tetete, tetete, tetete, etc, etc, etc...
- Mas afinal porquê?????
- Porque sim , porque tá mesmo mal!!!!! Se não estivesse, não o diria.......

sexta-feira, 30 de março de 2007

A tradição já não é o que era...

Já dizem que a tradição já não é o que era. E é bem verdade.
Será que é bom ou mau? Não sei. Sabes???
Por exemplo: O namoro!!!!
O namoro em si já não é o que era! O pensar no namoro não é o que era! Eu sei que longe vão os tempos em que havia, não sei se respeito, se medo, mas qualquer coisa havia!!
Ora, dantes o que se dizia era: "Queres namorar comigo?"
Ao que agora é dito: "Chavala, queres curtir comigo, dar uns melos e tal? - Há aqui, realmente, um grande «à vontade» nos dias que correm.
"Se-Se-Senhor Mendes, go-go-gostaria de pe-pedir a ma-mão da su-sua filha em ca-ca-casamento". Hoje já é mais: "Bacano!!! Ouve o que eu te digo!!!! O puto não é meu!"
Para que se pudesse ousar pensar na remota possibilidade de existir um potencial namoro, era indispensável a presença dos pais. O pai no cadeirão do «chefe» com o seu charuto, a mãe no sofá, ora entre os «pombinhos» ora ao lado, a filha toda inclinada sobre o potencial futuro esposo, e o coitado do rapaz, a tremer tipo vara verde, dividindo o olhar entre o fumo do charuto do pai dela e o olhar perfurador da mãe enquanto tricotava uma camisola de lã para o «Grande Chefe». Ora, os rapazes não tinham culpa!! Era tamanha a dificuldade para conseguirem sentir o joelho da miúda, que ao finalmente marcarem a data do casamento, a realização do mesmo e etc., já não iam largar, mas era que nem pensar nisso!!! Custou muito a ganhar, não ia mudar de mãos assim tão facilmente.
Isto contam eles e elas, mas eu não acredito! Pronto!! Não havia a confiança que há hoje, mas não eram nenhuns santinhos, porra!! Sempre existiram descampados e moitas e celeiros e elevadores.... (bem, talvez elevadores, não! - he he he).
Hoje não custa tanto a «ganhar» (não custa, uma porra!! Eu que o diga!!), mas quando se ganha, parte-se do principio que donde aquela companhia veio, vêm outras tanta (aplicável a homens e mulheres).
Todo o conceito de exploração, curiosidade, mudou. Se dantes, um homem, ao ver um tornozelo, ficava com uma erecção por uma semana, hoje é preciso vê-las vestidas para se sentir minimamente excitado.
No entanto, nem tudo é bom (ou mau)!! Antigamente saía qualquer como: "Ó Maria!!! Traz-me os chinelos!!!!!"; enquanto que agora: "Manel, hoje é o teu dia de lavar a louça!"; Perde-se nuns pontos, ganha-se noutros!!
Pois é!! Os casamentos duravam por medo, receio, parvoíce. Agora duram por Amor!!

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahaha. Des-hahahaha. Desculpem. Tou a rir????? Não sei porquê!!!
Dantes a tradição era casar, agora passa a ser divorciar! Um bom casamento não passa sem um bom divórcio, e o resto é conversa!!!!





quinta-feira, 15 de março de 2007

Alucinação Interminável - Parte 1

Anacleta Papagaio era a anciã da aldeia. Uma senhora que aparentava quase 128 anos. Sábia, espertalhona, amiga... No fundo era boa pessoa, mas feia que nem um caixote de fruta podre, coitadinha. Vivia numa pequena casa perto do centro da aldeia, mais ou menos na Rua do Povo, Nº 3 (é só virar à esquerda na Rua da Igreja e à direita logo a seguir ao Café Central). A casa era quase tão velha como ela, aliás os avós dela nasceram lá! E lá foram muito felizes, gerando 15 filhos, 37 bastardos (12 da parte da mãe e 25 da parte do pai), que por sua vez lhes proporcionaram a imensa alegria de gerar 357 netos, entre elas a formosíssima "Avozinha", Anacleta Papagaio. Pouco se sabe da vida de Anacleta, menos ainda dos seus antepassados, mas ninguém na aldeia parecia importar-se muito com isso. As crianças faziam-lhe travessuras, os adultos fugiam dela como que se do diabo se tratasse, enfim... Era tudo boa gente!! Anacleta já fora casada. 12 vezes!! Mas não chegaram até nós informações exactas sobre os ex-maridos dela, a não ser o facto de serem quase todos homens. Enfim, uma vida atribulada, cheia de altos e baixos, como a de toda a gente! No dia que os historiadores pensam ter sido o dia do seu 128º aniversário (centésimo, vigésimo oitavo - pensavam que eu não sabia, hã?? he he he), eis que não quando, Anacleta Papagaio toma uma decisão: - Vou de férias!! Não é tarde nem é cedo, bem talvez tarde, mas vou tirar uma férias desta casa, desta aldeia, destas pessoas. E assim foi, arrumou a trouxa constituída por, mais coisa menos coisa: um cajado, um par de óculos, três pares de lentes de correcção de cor verde, 5 vestidos pretos, compridos, simples, em claro sinal de respeito pelos seus 8 ex-companheiros e 3 ex-companheiras, uma mini-saia rosa choque, para afastar os javalis, um top azul marinho para as horas de calor e, por fim, 5 mudas de ceroulas, para uma qualquer eventualidade. Nada foi deixado ao acaso pela "Avozinha", ia, na certa, passar umas longas e merecidas férias! No dia seguinte à famosa decisão (famosa sim, já toda a aldeia sabia. Eram mulheres a gritar, homens a chorar, crianças embriagadas... enfim.. um verdadeiro espectáculo!!! Sim, espectáculo, pois era comida à descrição, bebida à descrição, alegria..., não!!!! felicidade à descrição, sexo à descrição...). Anacleta pega na trouxa e abala, rumo ao desconhecido! Por trás deixava um rasto de destruição causado pelas crianças embriagadas e por várias dezenas de tarados sexuais, entre eles o padre da Paróquia que aproveitou para tirar a barriga de misérias. Olha uma última vez para trás, despede-se, e segue caminho. (continua...)