quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Alucinação Interminável - Parte 2

Pé após pé, cajadada após cajadada, passo após passo, lá vai Anacleta a assobiar uma música da Britney Spears, uma artista nova no panorama artístico-cultural da zona. Passado algum tempo (2 minutos), a "Avozinha" sente uma enorme necessidade de pousar a trouxa no chão e descansar (dizem alguns anti-Avozinha que não era bem descansar que ela queria, mas sim que sentiu uma caganeira do tamanho da muralha da China, tanto que, já teria um ligeiro borrão na ceroula). Passados alguns dias, já os mantimentos faltavam, as forças faltavam, a vontade faltava!!! Anacleta, a Avozinha, começou, pela primeira vez, a ter pensamentos alternativos de arrependimento, que logo se lhe esvaíram quando, vinda do nada, uma pedra aterra-se-lhe nos cornos. Levanta-se, meio grogue, a cambalear, e segue pelo caminho de cabras de onde vinha. A vida sorria a Anacleta Papagaio, um sorriso maldoso é certo, mas mesmo assim... Sorria. Com fome, cansada, farta, exausta, inconsolável. A Avozinha temia pela vida! De repente, ao longe, um vulto! Mexia-se! De lá vinham uns ruídos que mais pareciam folhas secas a serem pisadas. Anacleta tremia de medo! Os olhos esbugalhados, os dentes a bater, as pernas, varas verdes, um verdadeiro concerto!... De súbito, as dúvidas dissiparam-se, os medos fugiram, o que antes pareciam folhas secas a serem pisadas, agora sabia que eram folhas secas a serem pisadas. No meio de uns arbustos vislumbrou o que poderia ser a sua salvação. Um homem. Alto, careca, camisa xadrez e calças de ganga. Anacleta depressa corre para se refugiar atrás da primeira árvore que lhe apareceu à frente. Puxa da mala e tira de lá o seu trunfo. O top azul marinho e a mini-saia rosa choque. Ficou vestida para matar! Sai de por detrás da árvore e segue em direcção ao desconhecido..("não é esse desconhecido, é o outro!!!!"). Ela muda de direcção e segue. Ela coloca um andar sensual, mesmo que tropeçando de três em três passos, arrebita os beiços, e caminha em direcção ao homem. Era qualquer coisa de deslumbrante, aquela mulher. Eram javalis a fugir desalmados, como o diabo da cruz, pardais a cair redondos no chão, coelhos a definhar, ouriços a suicidar-se, linces a perder os bigodes, e muitas mais coisas terríveis que fariam qualquer defensor dos animais corar. Apesar da irregularidade do terreno, Anacleta lá chega perto daquele desconhecido..("o outro!!!!"). Ela vira-se e dirige-se ao homem. Era alto, tinha cabelo castanho escuro , com raios de grisalho, e marrafa ao lado, cara a fugir para o alongado, dentes da frente superior ligeiramente afastados, voz meio rouca e, um ar muito selecto. ("É o Cavaco Silva"!!!! - "Não"!) 10 minutos de conversa bastaram para que se apaixonassem pelo facto de não terem de se aturar por muito mais tempo. Mesmo assim, o desconhecido ofereceu-se para lhe indicar o caminho para qualquer sítio, desde que na direcção oposta a que ia tomar. E assim foi, meio a correr, meio a fugir, lá foi ele à frente indicando o caminho, por entre moitas, tojos, estevas, buracos, e mais coisas da floresta como coelhos, javalis, cobras, aranhas, ratos, táxis, autocarros e helicópteros. Depois de muito andarem, resolveram acampar numa clareira, veio um urso e comeu o homem. (continua...)

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