sexta-feira, 30 de março de 2007

A tradição já não é o que era...

Já dizem que a tradição já não é o que era. E é bem verdade.
Será que é bom ou mau? Não sei. Sabes???
Por exemplo: O namoro!!!!
O namoro em si já não é o que era! O pensar no namoro não é o que era! Eu sei que longe vão os tempos em que havia, não sei se respeito, se medo, mas qualquer coisa havia!!
Ora, dantes o que se dizia era: "Queres namorar comigo?"
Ao que agora é dito: "Chavala, queres curtir comigo, dar uns melos e tal? - Há aqui, realmente, um grande «à vontade» nos dias que correm.
"Se-Se-Senhor Mendes, go-go-gostaria de pe-pedir a ma-mão da su-sua filha em ca-ca-casamento". Hoje já é mais: "Bacano!!! Ouve o que eu te digo!!!! O puto não é meu!"
Para que se pudesse ousar pensar na remota possibilidade de existir um potencial namoro, era indispensável a presença dos pais. O pai no cadeirão do «chefe» com o seu charuto, a mãe no sofá, ora entre os «pombinhos» ora ao lado, a filha toda inclinada sobre o potencial futuro esposo, e o coitado do rapaz, a tremer tipo vara verde, dividindo o olhar entre o fumo do charuto do pai dela e o olhar perfurador da mãe enquanto tricotava uma camisola de lã para o «Grande Chefe». Ora, os rapazes não tinham culpa!! Era tamanha a dificuldade para conseguirem sentir o joelho da miúda, que ao finalmente marcarem a data do casamento, a realização do mesmo e etc., já não iam largar, mas era que nem pensar nisso!!! Custou muito a ganhar, não ia mudar de mãos assim tão facilmente.
Isto contam eles e elas, mas eu não acredito! Pronto!! Não havia a confiança que há hoje, mas não eram nenhuns santinhos, porra!! Sempre existiram descampados e moitas e celeiros e elevadores.... (bem, talvez elevadores, não! - he he he).
Hoje não custa tanto a «ganhar» (não custa, uma porra!! Eu que o diga!!), mas quando se ganha, parte-se do principio que donde aquela companhia veio, vêm outras tanta (aplicável a homens e mulheres).
Todo o conceito de exploração, curiosidade, mudou. Se dantes, um homem, ao ver um tornozelo, ficava com uma erecção por uma semana, hoje é preciso vê-las vestidas para se sentir minimamente excitado.
No entanto, nem tudo é bom (ou mau)!! Antigamente saía qualquer como: "Ó Maria!!! Traz-me os chinelos!!!!!"; enquanto que agora: "Manel, hoje é o teu dia de lavar a louça!"; Perde-se nuns pontos, ganha-se noutros!!
Pois é!! Os casamentos duravam por medo, receio, parvoíce. Agora duram por Amor!!

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahaha. Des-hahahaha. Desculpem. Tou a rir????? Não sei porquê!!!
Dantes a tradição era casar, agora passa a ser divorciar! Um bom casamento não passa sem um bom divórcio, e o resto é conversa!!!!





quinta-feira, 15 de março de 2007

Alucinação Interminável - Parte 1

Anacleta Papagaio era a anciã da aldeia. Uma senhora que aparentava quase 128 anos. Sábia, espertalhona, amiga... No fundo era boa pessoa, mas feia que nem um caixote de fruta podre, coitadinha. Vivia numa pequena casa perto do centro da aldeia, mais ou menos na Rua do Povo, Nº 3 (é só virar à esquerda na Rua da Igreja e à direita logo a seguir ao Café Central). A casa era quase tão velha como ela, aliás os avós dela nasceram lá! E lá foram muito felizes, gerando 15 filhos, 37 bastardos (12 da parte da mãe e 25 da parte do pai), que por sua vez lhes proporcionaram a imensa alegria de gerar 357 netos, entre elas a formosíssima "Avozinha", Anacleta Papagaio. Pouco se sabe da vida de Anacleta, menos ainda dos seus antepassados, mas ninguém na aldeia parecia importar-se muito com isso. As crianças faziam-lhe travessuras, os adultos fugiam dela como que se do diabo se tratasse, enfim... Era tudo boa gente!! Anacleta já fora casada. 12 vezes!! Mas não chegaram até nós informações exactas sobre os ex-maridos dela, a não ser o facto de serem quase todos homens. Enfim, uma vida atribulada, cheia de altos e baixos, como a de toda a gente! No dia que os historiadores pensam ter sido o dia do seu 128º aniversário (centésimo, vigésimo oitavo - pensavam que eu não sabia, hã?? he he he), eis que não quando, Anacleta Papagaio toma uma decisão: - Vou de férias!! Não é tarde nem é cedo, bem talvez tarde, mas vou tirar uma férias desta casa, desta aldeia, destas pessoas. E assim foi, arrumou a trouxa constituída por, mais coisa menos coisa: um cajado, um par de óculos, três pares de lentes de correcção de cor verde, 5 vestidos pretos, compridos, simples, em claro sinal de respeito pelos seus 8 ex-companheiros e 3 ex-companheiras, uma mini-saia rosa choque, para afastar os javalis, um top azul marinho para as horas de calor e, por fim, 5 mudas de ceroulas, para uma qualquer eventualidade. Nada foi deixado ao acaso pela "Avozinha", ia, na certa, passar umas longas e merecidas férias! No dia seguinte à famosa decisão (famosa sim, já toda a aldeia sabia. Eram mulheres a gritar, homens a chorar, crianças embriagadas... enfim.. um verdadeiro espectáculo!!! Sim, espectáculo, pois era comida à descrição, bebida à descrição, alegria..., não!!!! felicidade à descrição, sexo à descrição...). Anacleta pega na trouxa e abala, rumo ao desconhecido! Por trás deixava um rasto de destruição causado pelas crianças embriagadas e por várias dezenas de tarados sexuais, entre eles o padre da Paróquia que aproveitou para tirar a barriga de misérias. Olha uma última vez para trás, despede-se, e segue caminho. (continua...)