segunda-feira, 15 de setembro de 2008

As coisas que nunca te disse, e que só direi se me esquecer que não as devo dizer.

Hoje em dia, há palavras ou expressões que utilizamos no dia-a-dia, e que julgamos saber do que estamos a falar. Refiro-me a um conjunto de palavrões modernos, que poderão ter interpretações menos próprias. Desde o aparecimento das novas tecnologias que já estão ao alcance de qualquer pessoa, graças ao esforço do nosso governo, com o seu Plano Tecnológico (ou não), um punhado de novas palavras invadiram o nosso quotidiano. Aliás, muito antes desta ideia inovadora dos nossos governantes, já se usavam estas novas palavras mas, um pouco de graxa fica sempre bem.

Agora o desenvolvimento, senão sou espancado e, como tenho de começar por algum sítio, começo por
«tchau». «TCHAU» - adaptação para português da palavra italiana «Ciao», que significa adeus, até já, até logo. Como o "até já", ou o "até logo" significam que teremos de encontrar essa pessoa novamente, o português evita dizê-las. Como não existe ninguém que não fique ofendido, com um "adeus", o português evita dizê-lo. Portanto, à falta de melhor: «Tchau». Assim, não nos colocamos na ingrata obrigação de revermos essa pessoa. Como a língua portuguesa, provavelmente, não tinha tradução para "até mais ver", ou "saúde", adaptamos o já vulgaríssimo «tchau», não vá um gajo encontrar um chato, para quem, por educação, temos de falar. «Tchau» não é mais que «tchau», que na realidade significa: "Desaparece e não voltes!" Como uma simples palavra mudou todo o sistema de abordagem social entre portugueses.

Com o rapidíssimo desenvolvimento da internet*, seus sítios e aplicações, surgem novas palavras, não só para portugueses, como também para qualquer povo do mundo ligado a esta rede gigantesca. Por cá, a adaptação quere-se para a língua de Camões, que deve andar às voltas no túmulo, coitado.
Ora, se quisermos fazer uma pesquisa local num computador, "fazemos um «find»", que é chique. Uma palavra estrangeira dá classe a qualquer frase. Se a fizermos na internet*, «googlamos». Exemplo: - "Vou «googlar» isso que me disseste". - Dizem os entendidos que assim é, mas não, a realidade é outra, uma mais profana, mais obscena. «Googlar», na realidade, significa "pesquisar conteúdo pornográfico na internet*". Também na internet* encontramos com alguma frequência, a palavra «chat». Ora «Chatar» é trocar mensagens na internet* através de fóruns de «chat». O designado «Chat» é o melhor amigo de qualquer pai, pois é onde hoje em dia, as crianças se reúnem durante horas a fio, discutindo os seus problemas, sem sair de casa, o que é fantástico. Mal sabem eles o que realmente os filhos andam a fazer. É porque «Chatar» significa trocar mensagens através de uma sala de conversas na internet*, com o objectivo de seduzir (o chamado "engate virtual"), ou insultar (o chamado "«fodo-te a cabeça» virtual"). Nessas salas de «chat», em fóruns online*, nos mensageiros (software* destinado às conversas virtuais), em comentários deixados a fotos ou textos em qualquer sítio na internet*, de qualquer pessoa ou entidade, encontram-se palavras, ou quase-palavras, não-palavras, engraçadas. «Postar» é uma delas. «Postar» é deixar mensagem num desses sítios. Mas não só. Para ser «postar», é necessário que a mensagem seja de carácter ofensivo, do tipo: "kem é k s intreça por iço. morte ós lagartões!!" De frisar que, para além do conteúdo ofensivo do «post», o modo de escrevê-la, é "do mais vergonhoso que se pode imaginar", pensaria Bocage. Aliado a tudo isto surge o «teclar», termo utilizado como sinónimo de "escrever". O «teclar» serve para «googlar», «chatar», ou «postar», o que dá imenso jeito.


«Photoshopar» não é muito comum, mas se o estrangeirismo evoluir como evoluem os roubos de ideias para concursos, muito em breve, teremos o «photoshopar» no dicionário de Portuangosileiro. Por detrás do Sol-posto, na América do Norte, «photoshoping» é muito utilizado. Significa fazer alterações a fotos utilizando o programa Photoshop. E é, mas não só. As alterações têm de ser em fotos eróticas ou pornográficas, do género de tirar rugas, limpezas de pele, celulite e, aumentar mamas. Isto é o verdadeiro «Photoshoping». Também fora do mundo dos computadores e internet*, se encontram palavras modernas. Do meio automobilístico, surge «kitar». «Kitar» é alterar, modificar, personalizar, transformar. Em veículos motorizados, nomeadamente, em automóveis, quem «kita» o seu, personaliza-o ao ponto de, teoricamente, torná-lo mais bonito, forte, rápido. A isto chama-se «tuning», mas por arrasto, surge o «chuning» que, basicamente, é quando se «kita» o veículo, mas não se o torna mais atraente. «Chuning», conjugação da palavra «chunga», com a palavra «tuning». «Tuning» já se sabe o que é, agora «Chuning» é deixar um carro «chunga» que é o mesmo que foleirote, folclórico, feio.

* Palavras estrangeiras adoptadas pelo português.

NOTA: Todo o conteúdo deste blog é da responsabilidade de um conjunto alargado de pessoas e respectivas atitudes, que sem muito esforço, conseguiram enlouquecer por completo o autor, provocando uma série de devaneios sem nexo, sem lógica e, definitivamente sem nenhuma razão de ser.

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