segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sonhos Engarrafados - Parte 2


Os carros apitam desalmadamente lá fora. As pessoas gritam umas com as outras nas ruas lá em baixo. Para além da porta do apartamento um casal discute em alto e em bom som. Ouço, inclusive, o barulho de objectos a chocar uns contra os outros, e mesmo contra as paredes, mas já estou habituada. É isto todos os dias!
Mudo de roupa enquanto continuo atormentada com a mesma interrogação: Como rasguei a minha saia? De onde vieram uma cuecas azul-marinho que, claramente, não são minhas? Como fiquei com as minhas botas pretas todas sujas de lama? - Tudo o que vejo ao fechar os olhos é uma enorme ausência de acontecimentos durante a noite passada. Isso e o cabrão do pássaro que me cagou mesmo no meio dos olhos, há pouco. Mas tenho de, pelo menos, tentar descobrir.
O que faço? Posso começar por tentar descobrir como fui parar aquele descampado, até porque não conheço ninguém por aqui. Ainda não consegui encontrar trabalho, não fiz amigos. E a minha família está muito longe.
A promessa de uma vida repleta de prazeres ficou-se só por isso: uma promessa! Mais uma por cumprir.
Enfim... Há que seguir levantar o queixo e seguir em frente. Hã? Um chupão? No MEU pescoço? Como? Quando? Quem? Estou seriamente preocupada com o que me poderá ter acontecido ontem à noite. E não tenho ninguém a quem perguntar. O melhor é ir para a rua e tentar desanuviar. Tentar esquecer o que me atormenta pelo menos até me passar esta horrível dor de cabeça.

continua...


NOTA: Todo o conteúdo deste blog é da responsabilidade de um conjunto alargado de pessoas e respectivas atitudes, que sem muito esforço, conseguiram enlouquecer por completo o autor, provocando uma série de devaneios sem nexo, sem lógica e, definitivamente sem nenhuma razão de ser.