segunda-feira, 11 de maio de 2020

Serendipidade

 A quantos de vós já não aconteceu?
Tudo começa com um acontecimento considerado fortuito que nada parece significar, só para, mais tarde, se revelar a mais genial solução.
A mim já aconteceu. E mais que uma ou duas vezes! Não é que seja grande observador (que sou!), ou que tivesse à espera impacientemente da solução para o meu dilema (que por acaso até não estava), mas rapidamente me apercebi que era mesmo daquilo que eu precisava.
Hã? Não, claro que não vou especificar, mas só porque tenho outras coisas, e mais importantes para partilhar.

Depois desta genial introdução, Fonseca, o guarda-noturno destas instalações, decidiu fazer a já normal e rotineira ronda das 4 da manhã. Pega na lanterna e no bastão, que é a única forma de se defender de um qualquer intruso; não que se espere intrusos nestas instalações, mas nunca fiando... Arregaça a barriga para libertar um pouco de espaço entre a fivela do cinto e o cós das calças, limpa os restos de açúcar da bola de berlim da barbicha (bem aparada por sinal), e lá vai ele.
Durante os primeiros 5 metros tudo parecia bem, mas ao sexto metro, Fonseca já arfava, - tivesse ele estudado mais, e já não teria de subir toda aquela escadaria, dia após dia, noite após noite, mas tinha mesmo que acabar a ronda, era para isso que era pago!
MIAU!! - Fonseca salta dentro das suas calças, olha em redor mas não vê nenhum sinal de perigo. - MIAAAAUUUUU!!!! - cai para trás. Este foi sem dúvida alguma, o susto da vida dele, mas já no chão é acariciado por um gentil gato vadio, que ronrona feliz.
Fonseca recompõe-se e segue com a ronda. Apanha o chapéu, limpa-lhe o pó, ajeita as pilhas da lanterna, acende-a e aponta-a para a sua frente. O foco de luz emitido parece não querer fixar um ponto expecífico, e treme como varas verdes ao vento. Dá dois passos para a frente e um para trás, só por vias das dúvidas, não vá o dabo tecê-las. De repente, e sem que nada o fizesse esperar, Fonseca agarra as suas partes com alguma e considerável violência. Sem aviso nenhum, uma mijaneira enorme, e o WC ainda ficava a uns longíquos 10, 11 metros, pelo que Fonseca, agarrado à torneira com tal força para que nem uma gota vertesse, ia dando os mais largos passos que conseguia, enquanto o ensurdecedor chocalhar das chaves em conjunto com os 7.38€ em moedas que tinha no bolso ecoava pelos corredores, o que era extrememente distrativo. Chegado ao urinol, não podia esperar pela hora em que finalmente abriria o zipper das calças e se aliviasse, o que aconteceu, mas não um pouco tarde demais.
Não era grave. Nada que 15, 20 minutinhos ao ar não secasse. Ufa. Estava terminado e era hora de fechar o que tinha aberto. PUUUMMM!!! A porta dos lavabos fecha com violência no preciso momento em que o zipper já estava quase a meio caminho do topo. - MIIIAAAAUUUUUUUU!!!! - Raisparta o gato.


NOTA: Todo o conteúdo deste blog é da responsabilidade de um conjunto alargado de pessoas e respectivas atitudes, que sem muito esforço, conseguiram enlouquecer por completo o autor, provocando uma série de devaneios sem nexo, sem lógica e, definitivamente sem nenhuma razão de ser.

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